sexta-feira, 25 de abril de 2008

BIOGRAFIA DE FERNANDO PESSOA

Fernando Pessoa, nascido a 13 de Junho de 1888, viveu uma infância e adolescência marcadas por uma sucessão de factos que o viriam a influenciar profundamente, o que transparece, inevitavelmente, nos seus escritos.

Fernando Pessoa - 6 AnosApenas com 6 anos de idade, confronta-se com a morte do pai e um ano depois, com a morte do irmão. Estas mortes significam uma profunda transformação na vida do poeta, nomeadamente no seio da família. Em breve, Fernando Pessoa iria conhecer um novo núcleo familiar e social, decorrente do casamento da mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, com o comandante João Miguel Rosa, entretanto nomeado cônsul interino em Durban, casamento que se realiza por procuração em 1895. Depois do casamento, mãe e filho partem para Durban, África do Sul, onde Fernando Pessoa viverá até à data do seu regresso definitivo a Portugal, no ano de 1905. Rapidamente perde o privilégio da atenção exclusiva da mãe já que passa a ufparti-la com o padrasto e com os sucessivos filhos que nascem deste segundo casamento de D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa. Encontra refúgio no seu isolamento, na sua imaginação e atracção pela ficção (que se manifestara já desde os seus 6 anos, ainda em Lisboa,com a criação do primeiro heterónimo - Chevalier de Pas) que o levam a criar, em 1903, os heterónimos Charles Robert Anon e H.M.F. Lecher, nas suas leituras de Shakespeare, Milton, Byron, Poe, Keats, Shelley, Tennyson, entre outros, e nos seus escritos.

Vive, pois, grande parte da infância e adolescência (cerca de 10 anos), nesse país, onde recebe uma educação inglesa. Os seus primeiros estudos e os seus primeiros textos são feitos em inglês. Fernando Pessoa nunca abandonará a língua inglesa. É através dela que trabalhará, mais tarde, já em Lisboa, como «correspondente comercial». Apesar de vir a adoptar para os seus escritos a língua portuguesa, continuará sempre a escrever em inglês, seja nos seus textos críticos e notas íntimas, seja nos seus trabalhos de tradução de poetas ingleses, seja nos seus textos poéticos ( à excepção da Mensagem, os únicos livros que publica são os das colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets,e English Poems I - II e III entre 1918 e 1921).

Fernando Pessoa - 20 AnosEm Durban, percorre, com sucesso, os diversos graus de ensino até se candidatar, em 1903, à Universidade do Cabo. Em 1904 recebe o Prémio Rainha Vitória, concedido ao seu ensaio de inglês, prova de exame de admissão à Universidade do Cabo, realizado no ano anterior. Tendo a possibilidade de ingressar naquela universidade, Fernando Pessoa, como que respondendo a um chamamento da pátria, regressa, no entanto, sozinho, com 17 anos de idade, a Portugal, que nunca esquecera, associando-o sempre quer à imagem do pai quer à lembrança de uma infância feliz. Traz consigo o propósito de se matricular no curso superior de Letras de Lisboa.Vive nesta cidade, uma vida modesta, em casa de familiares e em quartos alugados. Apesar de efectuar a matrícula no curso referido, no ano de 1906, depressa se desilude com o ensino aí ministrado, não tendo sequer concluído o primeiro ano do curso.

Os seus conhecimentos de inglês constituirão fonte de sobrevivência para o poeta. Em 1908 inicia a profissão, no universo do comércio, como «correspondente estrangeiro». Dedica-se de modo profissional, ao longo da sua vida, aos trabalhos de correspondência comercial, sobretudo naquela que foi a sua língua mãe durante a adolescência. Esta actividade, permiti-lhe obter a independência económica suficiente para se dedicar à sua intensa actividade literária e intelectual.

A sua estreia literária realiza-se na revista A Águia, com a publicação de uma série de ensaios acerca da Nova Poesia Portuguesa. A colaboração com esta revista dura, contudo, pouco tempo. Em 1914, o poeta afasta-se da revista, já movido pela experimentação de novas formas literárias.

Fernando Pessoa - 1º ArtigoNa companhia de amigos como Mário de Sá-carneiro, Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor, Fernando Pessoa ficará para sempre associado às novas correntes modernistas como o Paùlismo, o Interseccionismo e o Sensacionismo. A sua influência na literatura portuguesa deste século é indissociável da reunião do grupo na criação da revista Orpheu, na qual desenvolvem e expressam, de uma forma que causou escandâlo mas também inúmeras adesões, as tendências modernistas literárias. Ao longo da sua vida, desde a revista A Águia, passando pela criação de Orpheu, Fernando Pessoa exerce a sua actividade literária através de inúmeras publicações. Destacamos a colaboração com a revista Portugal Futurista, de Almada Negreiros, em 1917, com a Contemporânea, de José Pacheco, a direcção e fundação da revista Athena em 1924, num género já distante de Orpheu, a colaboração, e desde 1927, com a Presença. De destacar ainda, num outro âmbito, a direcção, em parceria com o cunhado, da Revista de Comércio e Contabilidade, no ano de 1926, onde Fernando Pessoa publica artigos sobre temas sócio-económicos. Mas esta é já uma fase em que Fernando Pessoa passa a desenvolver a sua actividade num plano mais individualista. Os tempos do Orpheu estavam já distantes e o grupo desfeito: Mário de Sá-Carneiro morrera em 1817, no ano seguinte morreriam Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor. Outros membros do Orpheu estavam também afastados: Côrtes-Rodrigues vai para os Açores e António Ferro experimenta novos terrenos literários, dedicando-se ao jornalismo, à cultura e à política. Fernando Pessoa sentirá sempre saudades dos tempos do Orpheu, tal como dos tempos felizes da sua infância, anteriores à partida para a África do Sul.

O isolamento e a solidão do poeta parecem ter marcado

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