domingo, 23 de janeiro de 2011

Hoje Eu Preciso Tanto De Ti.....


.... Tanto que tu nem imaginas o quanto
hoje eu queria estar aninhada no teu colo
para que eu pudesse chorar em paz e tu me dares um carinho de consolo
aliviarias meu coração e quem sabe me faria adormecer
cantarias para mim uma canção para eu esquecer
as coisas da vida que me fazem sofrer.
És meu amor e no entanto não estás aqui perto de mim...
para que eu me sentisse feliz enfim.

As horas passam lentamente...
sem ter um fim o que meu coração hoje sente
Angústia... melancolia... tristeza...
Olho para o céu com um olhar aflito
E peço a Deus que me envie algo bendito.
Que lá da sua morada me diga com clareza
Como resolver os conflitos.

Mas a vida é assim mesmo
As vezes mais parece um abismo
E muitas vezes distraídos
Caímos e nos debatemos desesperados
nos sentimos verdadeiros flagelados
como se fôssemos nela atirados a esmo.

Hoje eu preciso tanto de Ti......

Suzi Xavier.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe sonhavas meus sonhos, por fim


As Rosas Não Falam ( Cartola)

                                          

Eu Sei Que Tu Me Amas...


Vejo isso quando me vês, no teu olhar brilhante.
Tu me amas além... Muito além do que podes prever
Muito além da imaginação de cada instante
Muito além do que poderia alcançar o pensamento
Muito além de todo o momento...

      Eu sei que Tu me amas
Muito além da cama
Muito além do beijo na boca
Muito além dos corpos entrelaçados
Muito além das palavras que nestes momentos são poucas
Muito além dos sussurros muitas vezes já cansados


Eu sei que tu me amas
      Porque se assim não fosse, não me tomarias em teus braços
     Não me amarias com desejo e não teria ternura no teu beijo
    Não me procurarias e não me chamarias de Amor
    Não me dedicarias uma canção.
    Eu nunca sentiria as batidas fortes do teu coração
    E não sentiria teu peito arfar de emoção

 Eu sei que Tu me Amas
 Porque se assim não fosse... Não me procurarias mais,
 Não sentirias saudades e nem felicidades...
 Não sentirias vontades... E nem teu sorriso seria franco
 Não me amarias nos lençóis brancos...
 Não pronunciarias palavras de infinita lealdade
 Com tanta simplicidade e verdade.

 Eu Sei Que Tu Me Amas!



Suzi Xavier.

Uma Torre Na Imensidão Do Mar Revolto.


Aquela torre... Lá no mar revolto... Na imensidão
Em meio a uma tempestade... solitária... Solitária...
Balança pra lá e pra cá...
Por vezes parece que vai sucumbir
E naufragar nas profundezas... Na escuridão.

Muitas vezes me sinto como esta torre na imensidão
De um mar do sentimento chamado paixão.
Dói... Dói... De eu quase naufragar
Nas lágrimas que brotam nos meus olhos nascidas
No coração.

Hoje sou aquela torre...  Que balança pra cá e pra lá
Equilibrando-me como posso, procurando uma tábua
De salvação.
 Suzi Xavier.    
                 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Não Quero Te Esquecer.

Tuas palavras expressam saudades
Expressam um sentimento contido no coração
Saudades do que ficou .... nossos momentos de paixão
Nossos momentos de felicidades.

Ah... meu amor... não quero te esquecer...
Estás  guardado  no meu coração...
Se te vejo em cada canção....
Como não te querer??












És como a brisa leve que embala os meus sonhos
És a estrela mais brilhante do anoitecer....
Se Deus me  concedesse  um momento de magia
Neste instante para os meus braços eu te traria
E te abraçaria e te amaria até o alvorecer.

Te amo... não posso esconder...
Este sentimento que  está dentro de mim
Aquecendo meu  peito... latente... ardente...  que faz acontecer
Entre Tu e Eu um amor envolvente.. sem fim.
                     Suzi Xavier.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Gleba Me Transfigura.( Cora Coralina)



A Poesia para signo de Virgem.



Sinto que sou a abelha no seu artesanato.
Meus versos têm cheiro dos matos, dos bois e dos cerrais.
Eu vivo no terreiro dos sítios e das fazendas primitivas.
Amo a terra de um místico amor consagrado, num esponsal sublimado,
procriador e fecundo.
Sinto seus trabalhadores rudes e obscuros,
suas aspirações inalcançadas, apreensões e desenganos.
Plantei e colhi pelas suas mãos calosas
e tão mal remuneradas.
Participamos receosos do sol e da chuva em desencontro,
nas lavouras carecidas.
Acompanhamos atentos, trovões longínquos e o riscar
de relâmpagos no escuro da noite, irmanados no regozijo
das formações escuras e pejadas no espaço
e o refrigério da chuva nas roças plantadas, nos pastos maduros
e nas cabeceiras das aguadas.
Minha identificação profunda e amorosa
com a terra e com os que nela trabalham.

A gleba me transfigura. Dentro da gleba,
ouvindo o mugido da vacada, o mééé dos bezerros,
o roncar e focinhar dos porcos, o cantar dos galos,
o carcarejar das poedeiras, o latir dos cães,
eu me identifico.
Sou árvore, sou tronco, sou raiz, sou folha,
sou graveto, sou mato sou paiol
e sou a velha trilha de barro.

Pela minha voz cantam todos os pássaros
e coaxam as rãs, mugem todas as boiadas que vão pelas estradas.
Sou a espiga e o grão que retornam à terra.
Minha pena (esfereográfica) é a enxada que vai cavando,
é o arado milenário que sulca.
Meus versos têm relances de enxada, gume de foice e peso de machado.
Cheiro de currais e gosto de terra.

Eu me procuro no passado.
Procuro a mulher sitiante, neta de sesmeiros.
Procuro Aninha, a inzoneira que conversava com as formigas,
e seu comadrio com o ninho das rolinhas.
Onde está Aninha, a inzoneira,
menina do banco das mais atrasadas escolas de Mestra Silvina...
Onde ficaram os bancos e as velhas cartilhas da minha escola primária?
Minha mestra... Minha mestra... beijo-lhe as mãos,
tão pobre!...
Meus velhos colegas, um a um foram partindo, raleando a fileira...
Aninha, a sobrevivente, sua escrita pesada, assentada
nas pedras da nossa cidade...

Amo a terra de um velho amor consagrado
através de gerações de avós rústicos, encartados
nas minas e na terra latifundiária, sesmeiros.
A gleba está dentro de mim. Eu sou a terra.
Identificada com seus homens rudes e obscuros,
enxadeiros , machadeiros e boiadeiros, peões e moradores.
Seus trabalhos rotineiros, suas limitadas aspirações.
Partilhei com eles de esperança e desenganos.

Juntos rezamos pela juventude e pelo sol.
Assuntamos de um trovão longínquo, de um fuzilar
de relâmpagos, de um sol fulgurante e desesperador,
abatendo as lavouras carecidas.
Festejamos a formação no espaço de grandes nuvens escuras
e pejadas para a salvação das lavouras a se perderem.
Plantei pelas suas enxadas e suas mãos calosas.
Colhi pelo seu esforço e constância.

Minha identificação com a gleba e com sua gente.
Mulher da roça eu o sou. Mulher operária, doceira,
abelha no seu artesenato, boa cozinheira, boa lavadeira.
A gleba me transfigura, sou semente, sou pedra.
Pela minha voz cantam todos os pássaros do mundo.
Sou a cigarra cantadeira de um longo estio que se chama vida.
Sou a formiga incansável, diligente, compondo seus abastos.
Em mim a planta renasce e floresce, sementeia e sobrevive.
Sou a espiga e o grão fecundo que retornam à terra.
Minha pena é a enxada do plantador, é o arado que vai sulcando
Para a colheita das gerações.
Eu sou o velho paiol e a velha tulha roceira.
Eu sou a terra milenária, eu venho de milênios.
Eu sou a mulher mais antiga do mundo, plantada e fecundada
no ventre escuro da terra.